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PALAVRA DO PADRE: LEIA O TEXTO “FRANCISCO E EU” – COM PADRE HIGOR LUIZ 3k564a

21 de abril de 2025

FRANCISCO E EU 2o6kk

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Hoje, acordamos com a notícia: o papa Francisco morreu. Ainda ontem, sua homilia e sua bênção foram lidas; ele apareceu publicamente e saudou o povo com os votos de “Feliz Páscoa” e encontrou-se com o vice-presidente dos EUA. Horas depois, fez sua agem para a eternidade. Surpreendeu-nos, mais uma vez. Deus escolheu uma data significativa para seu servo nascer para o céu.

Quero partilhar sobre isso, e sobre algumas poucas coisinhas mais.

Estamos na oitava da Páscoa. Ontem, os cristãos celebrávamos em comum a data da Páscoa. Estamos no Jubileu dos 2025 anos da Encarnação do Senhor, com o tema “Peregrinos da Esperança”.

O papa Francisco sempre anunciou a alegria do encontro com Jesus, que está vivo. Assim fez em sua primeira Exortação Apostólica, Evangelii Gaudium, onde sublinhou: “Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa” (EG 6). Assim iniciou sua exortação pós-sinodal para e sobre os jovens: “CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso, as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!” (CV 1).

O papa também sempre se preocupou com a unidade dos cristãos, e sugeriu, mais enfaticamente nos últimos meses, que se estudasse a possibilidade de uma data fixa para a Páscoa, que propiciasse uma união em torno do principal evento para os cristãos. Pediu isso na bula de proclamação deste Jubileu e reforçou no documento marco dos 1700 anos do Concílio de Niceia. Ele viveu para ver esta data comum, e, em seguida, partiu para se unir ao Cristo, para continuar intercedendo a Este, pela unidade de Sua Igreja.

Francisco foi um homem de coração unido ao Coração do Cristo ressuscitado, coração também chagado, mas cheio de misericórdia e de esperança. Pôde, portanto, testemunhá-Lo.

Semelhantemente a muitos de vocês, eu trago no coração muitas imagens e ensinamentos do Papa Francisco. Ele foi o papa destes últimos doze anos de nossa história. Acompanhando seu pastoreio, vivi minha formação no Seminário, exerci meu ministério diaconal e quase cinco anos de meu ministério presbiteral.

Recordo-me bem de quando recebemos a notícia da renúncia do Papa Bento XVI e da eleição do papa Francisco. Após este anúncio, escrevi no Facebook e em “A Sementeira”, jornal de nosso Seminário: “Francisco? sim, Francisco. “Vai, reconstrói a minha Igreja.” Esperava outro nome. Talvez, algum, menos comum, quem sabe? mas… Francisco! Ótimo nome para um Pontífice, isto é, aquele que é ponte entre Deus e o povo. Provavelmente, nosso novo Pastor inspirou-se no santo da caridade, da paz, do desapego, da sabedoria, da harmonia, da fraternidade, que pelo seu testemunho de cristão faz as pessoas do mundo inteiro e de todas as religiões irem a sua cidadezinha, Assis. Tem um Francisco aqui no Brasil, também velhinho, que alimenta e é fonte de vida para muitas pessoas… […] O Papa de nome tão simples e tão imenso em significados nos pede para que rezemos por ele. Parece querer trilhar um caminho com os diferentes. Consciente do peso da cruz que tomou ele precisará de um pouco da luz que irradia da lua de Assis, iluminada pelo Grande Sol.”. Minha intuição inicial acerca do nome escolhido estava correta. Nosso falecido papa buscou seguir de perto o santo cujo nome e vida foram sua inspiração.

Francisco foi um homem da Paz. Sobre este tema, exortou inúmeras vezes às nações. Referiu-se, inclusive, em suas últimas palavras. Não fez mais, porque qualquer atitude imprudente poderia piorar algumas situação: desabafou com uma criança. Por causa disso, ele chorou. O homem do sorriso e da alegria, foi também homem das lágrimas e da dor empática. Em meio às guerras, à pandemia, às migrações em massa, ao caos ecológico, ofereceu-nos seu rosto, sua voz, seus os, suas mãos, seu viver.

A Misericórdia de Deus para com ele, que inspirou seu lema pontifício, transbordou numa grande profecia e júbilo universal. Seu sétimo dia de falecimento coincidirá com a festa da Misericórdia. Anunciou, sem medo e incansavelmente, o coração misericordioso de Jesus. Coração que atrai a todos, grita por todos, alcança a todos. Para todos: assim Francisco desejou esta Igreja. Por todos, porém, foi incompreendido, senão pela maioria, pelo menos em algum momento.

O papa que se esforçou por uma Igreja em saída, simples e aberta ao diálogo muitas vezes foi rotulado como progressista. Não desenvolvo sobre isso. Noto, apenas, que era um homem do povo, e como tal, popularizou também sua fé e piedade. Com ele, vivemos o Ano de São José; e aprendemos a devoção a São José dormindo. Com ele, continuamos a rezar o Rosário, suplicando a Nossa Senhora com seus diversos títulos, especialmente a “Desatadora dos Nós”. Com ele, rezamos a São Miguel Arcanjo e aos anjos da guarda. Com ele, relemos a “História de uma Alma”, de Terezinha do Menino Jesus. Talvez tenha tido outras devoções, mas essas foram as que mais me marcaram. Era um homem de obras, de belas palavras e de fé.

Finalizo, afirmando que escrevi este texto, praticamente com o que guardo no coração quanto às marcas deixadas em mim pelo papa Francisco. Com ele, vamos continuar aprendendo. Por ele, vamos continuar rezando. Pela vida dele, vamos continuar agradecendo. Por enquanto, é isso que registro, até para não me estender mais.

Neste luto, meu coração está cheio de gratidão. Obrigado, papa Francisco! Deus seja louvado por sua existência!

Gratos e confiantes em Deus, Senhor da história, peçamos também pelo próximo sucessor de Pedro: a cada momento, Deus nos concede o que mais nos convém. Viva a Igreja de Cristo!

Pe. Higor Luiz Arantes Nepomuceno – Vigário Paroquial de Santa Luzia – Carangola – MG