A Bíblia: “Um sinal de contradição” 2pq58

Trinta de setembro, memória de São Jerônimo, servo do Senhor, exegeta e tradutor das Sagradas Escrituras do hebraico e do grego para o latim – língua popular de sua época, pelo que denominaram “Vulgata” essa sua tradução: um trabalho extraordinário nos séculos IV e V, dado que ele, sozinho, fez o que, nos tempos modernos, tem sido feito por um grupo de colaboradores, amparados, inclusive, por estudos anteriores. Por isso, consideramos setembro o mês da Bíblia.

A Bíblia! “Um sinal de contradição”. Livro de livros, de vários gêneros literários, de vários autores, de várias épocas, de diversos conteúdos, “útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça”. Uma composição humana e divina: “Toda a Escritura é inspirada por Deus”. Obra de um povo, para um povo, influenciada por povos e para a influência dos povos. Por causa dela, muitos se unem, convergem, dialogam. Por causa dela, muitos se divergiram e se separaram. “Um sinal de contradição”, “de queda e de reerguimento para muitos”. De fato, da Palavra de Deus escrita pode-se falar o mesmo da Palavra de Deus revelada e encarnada. Loucura para uns, escândalo para outros, e salvação para os que a acolhem com fé.

Sem delongas, louvo a Deus por tão grande proximidade para conosco, por nos conduzir por meio de sua Palavra; glorifico ao Senhor, por todas as maravilhas que sua Palavra operou e realiza em minha vida e na vida de tantos contemporâneos e anteados nossos. Que sejamos íntimos da Palavra de Deus, não só em sua leitura e escuta atenta, mas, sobretudo, em sua concretização em nossas palavras e ações.

Concluo, compartilhando com vocês este ensinamento da “Imitação de Cristo” (texto áureo da espiritualidade cristã) acerca das Sagradas Escrituras: “Os homens am, mas a verdade do Senhor permanece para sempre (Sl 38,7; 116,2). Deus fala-nos de diversas maneiras e por diferentes pessoas. Muitas vezes somos perturbados pela nossa curiosidade ao ler as Escrituras, por querermos esquadrinhar e discutir onde se deveria com simplicidade ar além. Se quiser aproveitar, leia com humildade, com sinceridade e com fé, e não deseje nunca o nome de letrado. Pergunte de boa vontade e ouça em silêncio as palavras dos santos; e não despreze a sentenças dos velhos, porque não as dizem sem causa.” (Livro I. capítulo V).

PADRE HIGOR LUIZ – Vigário da Paróquia de Santa Luzia em Carangola